ENTRE MARTA E MARIA:
A participação da mulher na defesa e construção da sociedade
Às mulheres amigas e companheiras
Ao homenageá-las nesse dia internacional do dia da Mulher, venho refletir junto a vocês sobre algumas atuações das mulheres na defesa dos injustiçados, dos famintos, dos desesperançados, dos excluídos, entre outros, em fim, de todos aqueles que necessitam de vocês. Minha reflexão tem uma abordagem histórica/teológica. Essa reflexão teológica deve-se ao fato de uma experiência que tive ontem domingo dia 07 quando participava do grupo litúrgico que animava a celebração da missa, no qual, o presidente da Celebração nos pediu para fazer uma homenagem as mulheres presentes na celebração. Naquele momento sem haver nada preparado, comecei a pensar nas figuras das mulheres que participaram ativamente na história do povo de Israel.
A Bíblia apresenta várias mulheres que atuaram com precisão, sabedoria, inteligência, destreza, astúcia e fé. Citamos aqui, como exemplo, Sara, Miriã, Raabe, Débora, Rute, Ana, Ester entre outras. Mas, há dois nomes que sempre me chamou atenção quando os evangelistas narram o episódio, quando Jesus foi acolhido por Marta em sua casa e Maria sua irmã se colocou aos pés de Jesus para ouvi-lo no qual Marta questiona Jesus para que Maria possa ajudá-la a realizar os serviços. Diante destas personalidades encontramos elementos que nos ajuda a refletir, pois se percebe dois modos de atuação por parte das personalidades que historicamente foi compreendida a relação da Vida Contemplativa e na Vida Ativa.
Na pessoa de Marta encontramos várias mulheres que sempre viam as coisas para serem feitas. No âmbito social e político, citamos aqui vários nomes de mulheres que ao se depararem com uma situação, perceberam o quanto de afazeres havia para mudar tal situação, tal realidade em que se encontravam. Recordamos das mulheres que foram queimadas vivas em uma fábrica Têxtil na cidade de Nova Yorque que se organizaram e reivindicavam por pão e melhoria no trabalho. Encontramos as mulheres trabalhadoras Russas que se manifestaram conclamando por Pão e Paz. Na pessoa de Marta encontramos várias trabalhadoras brasileiras que não se calaram diante da realidade em que se encontrava e que pagaram o preço do seu questionamento e comprometimento com sua própria vida: Ir. Adelaide que se doou na causa dos excluídos e lutou pela reforma agraria: Dorcelina Folador, símbolo da resistência contra a corrupção: Margarida Alves, que com trabalho e solidariedade se comprometeu com as causa dos Canavieiros e no qual, atualmente as mulheres realizam a marcha das margaridas em homenagem ao trabalho dessa guerreira. São tantos nomes que a lista é imensa; Maria F de Oliveira, Jovita Alves, Dinalva Oliveira¸ Leolinda, Tereza de Benguela, Dandara dos Palmares, Helena, Chica da Silva, Anastásia... não esquecendo da jovem Mariella Franco enfim, a lista quase não tem fim.
Por outro lado, também encontramos mulheres que como Maria, vale-se da reflexão para se colocar a serviço da sociedade. A lista também é enorme. Cito aqui Georgina, Carolina de Jesus, Antonieta de Barros, Adela Cortina, Simone de Beauvoir, Hannah Arendt, Marilena Chauí, Elsa Soares... entre tantas outras intelectuais que fazem as coisas acontecerem por meio da reflexão intelectual, acreditando que é preciso haver mudanças de pensamentos para acontecer uma real mudança social.
Mas entre as Martas e as Marias encontra-se as trabalhadoras que constantemente enfrentam todo tipo de preconceitos sociais e que em sua realidade age como protagonistas da história. Referencio em especial as Trabalhadoras da Categoria da Alimentação que diariamente exerce seu oficio com, inteligência, sabedoria e dedicação, para produzir alimentos para a sociedade e para levar o pão para sua casa. Vocês são mulheres guerreiras dedicadas, inteligentes, sábias, astutas e que agem sempre com destreza. Quero destacar aqui e homenageá-la, as pesquisadoras que nesses últimos anos tem se dedicados as pesquisas para conter a Pandemia do COVID-19, no qual, ocupam a maioria dos cargos dos institutos brasileiros de pesquisas. Também referencio as professoras e intelectuais que estão à frente das universidades brasileiras entre outras.
Independentes dos nossos credos religiosos, a busca por igualdade, por justiça, “por liberdade para ser livre” nos une em uma só luta, em uma só causa e nos faz compartilhar da mesma esperança e da mesma irmandade. Presto minha homenagem a todas as mulheres, e convido você também a prestar homenagem a uma mulher que você considera uma guerreira, recordando-lhe o nome dela ou dizendo-lhe pessoalmente, e deste modo manteremos viva a luta.
Fraternais saudações.
Alex Durães Barbosa